Como fomentar um ambiente de engajamento no trabalho

Gestão De Pessoas

Liderança

16 de setembro de 2024

Como fomentar um ambiente de engajamento no trabalho

Papel da liderança envolve comunicação clara a respeito de expectativas, metas, objetivos organizacionais e habilidades necessárias

Inúmeras pesquisas buscam explicar como as lideranças podem fomentar um ambiente de engajamento das suas equipes, catalisar o sentimento de pertencimento dos colaboradores e manter esse comportamento ao longo do tempo.

Não é preciso enfatizar que o engajamento não pode ser adquirido como um produto em supermercado, pois estamos lidando com seres humanos, que possuem crenças, valores, modelos mentais, motivações e interesses variados. É essa diversidade que contribui significativamente para novas ideias, pontos de vista diferentes e questionamentos constantes de status quo. Tudo isso favorece o crescimento e a perenidade dos negócios.

Assim, as lideranças precisarão compreender o seu papel de fomentar e manter um ambiente em que as pessoas se sintam engajadas com o trabalho e com a empresa em que atuam, trabalhando efetivamente em equipes diversas. Para isso, é importante, primeiramente, compreender o que significa uma equipe engajada e quais são suas características.  

Estudos apontam que pessoas engajadas com seu trabalho são proativas; encaram os desafios como oportunidades de crescimento e uma forma de aumentar suas potencialidades, usando as empresas em que atuam como laboratórios de crescimento pessoal e profissional; erram, levantam, caem novamente e acertam, extraindo lições importantes dos erros e acertos.

Além disso, pessoas engajadas demonstram dedicação e comprometimento consistentes e, quando realizam atividades complexas e desafiadoras, ficam totalmente concentradas para realizar um trabalho de qualidade diferenciada, entrando no estado de flow, isto é, totalmente absortas, a ponto de perder a noção do tempo e do espaço.

Poderíamos, portanto, dizer que as lideranças gostariam de ter equipes com essas características. A boa notícia é que os líderes podem, sim, catalisar um ambiente de comprometimento, engajamento e senso de pertencimento em suas equipes, mas para isso precisam promover uma cultura de responsabilidade dentro das suas áreas e  organizações, o chamado leadership accountability, que seria o “prestar contas” das lideranças ou a “responsabilidade” da liderança em promover, a partir das suas equipes, ambientes de comprometimento, transparência, ética e diversidade.

Os principais pilares do leadership accountability são:

  • Propósito comum – Rituais de comunicação com esclarecimentos sobre a importância das atividades que as pessoas realizam e seus impactos nos objetivos organizacionais e na estratégia da empresa. Isso contribui para que as pessoas compreendam que o que fazem na empresa tem um propósito maior;
  • Expectativas claras – Clareza sobre o que se espera da equipe (resultado a ser alcançado). Isso ajuda a trazer entendimento para as pessoas sobre suas metas de desempenho, padrões e comportamentos esperados;
  • Capacidade clara – Quais habilidades as pessoas precisam ter para atender às expectativas; de que recursos precisarão (os quais devem ser providos). Quanto mais qualificada for a equipe, mais ideias estratégicas virão dela. As habilidades e os desafios em equilíbrio propiciam a proatividade, a autoeficácia e a autoconfiança, catalisando o “intraempreendedorismo”, que é a capacidade de empreender dentro da empresa, propondo novas formas de realizar um trabalho, criando produtos e serviços com sentimento de dono.
  • Medição clara – Nos rituais de comunicação devem ser abordadas as expectativas, as metas a serem alcançadas, a concordância de marcos de entrega e como esse resultado será medido. As lideranças precisam responsabilizar as pessoas por suas ações e resultados, fomentando conversas de comprometimento.
  • Feedback claro – Honesto, aberto e feito nos dois sentidos sobre os indicadores avaliados. Esses feedbacks devem ser contínuos, sistemáticos, positivos e de ajuste, visando a melhoria de performance continuamente por parte das equipes. A cultura do feedback e do reconhecimento contribui para manter a dedicação consistente – um dos pilares do engajamento.
  • Empoderamento da equipe – Delegar, dar autonomia e possibilitar a tomada de decisão são atitudes que contribuem para o sentimento de pertencimento, pois as pessoas entendem que são protagonistas dos resultados organizacionais, assumindo a propriedade das suas ações, comportamentos e sentimentos, o que, por sua vez, aumenta a automotivação e a autorrealização.
  • Cultura da confiança e transparência – Os nossos resultados, comportamentos e atitudes envolvem o que fazemos e as pessoas com quem convivemos. Nesse sentido, as lideranças precisam construir uma relação de confiança dentro das suas equipes, sendo justas e transparentes em todos os processos. Além disso, precisam propiciar ambientes de troca, sem medo de retaliações por parte da equipe, em que todos possam falar e dar o seu ponto de vista constantemente, trazendo segurança para assumir riscos, enfrentar desafios, acertar, errar e se colocar quando precisam.
  • Exemplo pessoal – Os líderes precisam dar o exemplo, demonstrar integridade, cumprir suas promessas, assumir as responsabilidades por suas ações, ter ética e ser humanos. A autoeficácia, uma das características de pessoas engajadas, é catalisada quando há experimentação de situações de sucesso a partir do uso das suas potencialidades, assim como observar e aprender a partir de comportamentos e exemplos bem-sucedidos de outras pessoas. Nesse contexto, as lideranças devem dar o exemplo constantemente.

Não é fácil manter o engajamento das equipes de forma consistente. Isso requer um trabalho árduo e sistemático de liderança envolvendo ações, atitudes e comportamentos diários. A liderança tem, sim, responsabilidades importantes em fomentar um ambiente de comprometimento e, quando compreende seu papel nesse processo, consegue atingir resultados superiores a partir das pessoas que lidera.

Para ter acesso às referências desse texto clique aqui

Quem publicou esta coluna

Denise de Moura

É consultora de Recursos Humanos com 27 anos de experiência; atuou em pequenas, médias e grandes empresas como Petrobras SA e Lojas Americanas. É professora convidada nos MBAs USP/ESALQ desde 2013, doutora em administração; tem mestrado em sistemas de gestão e pós-graduação em gestão da qualidade total. Escreveu o livro “Cansei de Sofrer no Trabalho” (Qualitymark Editora, 2012) e idealizou o site www.dicasinfaliveis.com.br.

Você também pode gostar

Quer ficar por dentro das nossas últimas publicações? Inscreva-se em nossa newsletter!

Receba conteúdos e fique sempre atualizado sobre as novidades em gestão, liderança e carreira com a Revista E&S.

Ao preencher o formulário você está ciente de que podemos enviar comunicações e conteúdos da Revista E&S. Confira nossa Política de Privacidade