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Coluna

Por que incluir a leitura em suas metas anuais?

28 de fevereiro de 2025

6 min de leitura

Além de favorecer aspectos neurológicos e psicológicos, ler também fortalece o senso crítico e a ampliação da visão de mundo das pessoas


Divulgada em setembro de 2024, a 6ª edição da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, realizada pelo Instituto Pró Livro (IPL) e Ministério da Cultura (MinC), apontou que, pela primeira vez desde que a consulta começou a ser realizada, as pessoas que não leem livros são maioria no país. De acordo com os dados, 53% dos brasileiros não haviam lido nem mesmo parte de uma obra nos meses anteriores à pesquisa.

Considerando apenas os livros concluídos, o percentual cai para apenas 27%. Além disso, a porcentagem de não leitores é a maior já registrada no levantamento, que começou a ser feito em 2007, e representa um aumento de 5% em relação à edição anterior, realizada em 2019 (figura 1).

Figura 1. Gráfico de percentual e estimativa populacional
Fonte: Instituto Pró Livro (2024)

Os principais fatores apontados por não leitores como razão para não terem lido foram falta de tempo, não gostar de ler e não ter paciência para ler (figura 2).

Figura 2. Razão para não ter lido nos últimos três meses
Fonte: Instituto Pró Livro (2024)

Apesar de a falta de tempo ter sido a principal razão citada, os dados da pesquisa mostraram que o uso de internet e redes sociais durante o tempo livre aumentou significativamente. Em 2015, 43% dos respondentes afirmavam gostar de usar as redes sociais em seu tempo livre, número que aumentou para 62% em 2019 e 71% em 2024. Segundo o relatório “Digital 2024: 5 billion social media users”, da We Are Social, o Brasil é o terceiro país onde os usuários mais passam o tempo utilizando redes sociais, com uma média de 3h37 diárias.

Pensados para serem rápidos e fáceis de digerir, os conteúdos produzidos para as redes sociais passaram a dominar grande parte das escolhas e atividades das pessoas — determinando desde o estilo da vestimenta, as decisões de consumo até o chamado lifestyle. O consumo desses conteúdos rápidos tem grande impacto na capacidade de concentração das pessoas e faz com que atividades mais complexas se tornem altamente desafiadoras.

A expressão brain rot (em tradução literal, “atrofia cerebral”) foi cunhada pela cibercultura para definir tanto esse tipo de conteúdo quanto os efeitos negativos que ele supostamente gera para a cognição. De tão popular, o termo acabou sendo eleito pela Universidade de Oxford como a “palavra” do ano de 2024 e passou a figurar no Dicionário de Oxford sob a definição “suposta deterioração do estado mental ou intelectual de uma pessoa, especialmente vista como resultado do consumo excessivo de material (agora particularmente material on-line) considerado trivial ou pouco desafiador”. O primeiro registro do termo, segundo a Universidade de Oxford, foi feito por Henry David Thoreau em sua obra “Walden”, na qual o autor critica a tendência da sociedade de desvalorizar ideias complexas em favor das simples, o que indicaria um declínio no esforço mental e intelectual dos indivíduos (Oxford University Press, 2024).

O cérebro e as sinapses

O cérebro humano é formado por um conjunto de neurônios que se comunicam entre si por meio de sinapses. O desenvolvimento cerebral é um processo que não cessa, uma vez que o cérebro se adapta e se reconfigura à medida que uma nova habilidade ou informação é aprendida. Esse processo de adaptação da arquitetura do cérebro se dá graças à neuroplasticidade, que é a capacidade que o cérebro tem de se adaptar a partir de estímulos internos e externos, com os neurônios formando conexões até então inexistentes (Jornal da USP, 2023a).

De acordo com Raphael Spera, médico do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, o aprendizado é como a atividade física cerebral, pois estimula a plasticidade do órgão. Conforme a atividade é executada, uma grande área cerebral é estimulada para encontrar a forma mais eficiente de realizar tal tarefa, levando ao aumento do volume de massa cinzenta nas áreas estimuladas por essa atividade (Jornal da USP, 2023a).

No que compete à leitura, as principais áreas ativadas são aquelas responsáveis pelo processamento de estímulos visuais, reconhecimento de símbolos e processamento da linguagem, ou seja, é uma atividade que estimula a neuroplasticidade de áreas responsáveis pela memória, interpretação, visão e concentração (CMSi, 2021). De acordo com Eliane Comoli, professora da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, o ato de prestar atenção exige esforço cognitivo (Jornal da USP, 2023b), logo, para que um indivíduo tenha mais capacidade de foco e concentração, é necessário que ele exercite essa competência com atividades que a estimulem — como, por exemplo, ler (Jornal da USP, 2020).

Relação entre leitura e escrita

A leitura possui um papel significativo no desenvolvimento da escrita. Pesquisas revelam que quando escrita e leitura são ensinadas de forma conjunta, ambas as habilidades são mais bem desenvolvidas pelos estudantes. A leitura também pode funcionar como uma ferramenta de aprimoramento de habilidades de escrita pois, ao ler, o indivíduo entra em contato com uma diversidade de gêneros textuais, estruturas gramaticais e pluralidade de vocabulário (Ahmed et al., 2023). Mas, apesar de esses fatores serem conhecidos, ainda não é possível estabelecer qual é a natureza da correlação entre as habilidades de escrita e leitura.

Embora muitos possam pensar o contrário, a produção escrita faz parte do cotidiano da grande maioria das pessoas — inclusive no contexto das redes sociais e da comunicação cotidiana, com a troca de mensagens que acontece tanto no âmbito pessoal quanto no profissional. A escrita é o processo de transformar ideias em textos e envolve interpretação, ordenação e conexão de palavras com base nos critérios linguísticos e gramaticais de um idioma. Um texto que não tenha clareza pode gerar confusão e propagação de informações erradas. Nos contextos científico e empresarial, os danos causados por confusões dessa natureza podem gerar impactos significativos.

Toda descoberta científica precisa ser publicada em periódicos para que seja validada e divulgada. Isso faz com que a escrita seja parte do cotidiano dos pesquisadores, independentemente da área em que trabalham. Construir um texto coeso, organizado e objetivo é essencial para garantir clareza na transmissão das informações nele contidas, bem como para facilitar a compreensão tanto para os demais pesquisadores quanto para as pessoas que buscarem conhecimento sobre o assunto (leia mais sobre o tema clicando na coluna “Onde está a clareza?”, da Revista E&S.

Uma pesquisa realizada em 2019 pela National Association of Colleges and Employers, nos Estados Unidos, apontou que 82% dos empregadores entrevistados consideravam que a comunicação escrita era a habilidade mais valorizada, ficando à frente de habilidades de resolução de problemas ou capacidade de trabalhar em equipe (Research Rockstar, 2020).

De acordo com Jeff Bradford, ex-membro do Conselho da Forbes Agency e presidente do escritório de Nashville da Dalton Agency, a preocupação das empresas com a qualidade da escrita dos funcionários está ligada ao fato de considerarem a comunicação como um fator-chave para o sucesso de qualquer negócio, uma vez que o convencimento é parte fundamental das negociações (Forbes, 2019). E, embora a comunicação possa se dar de diversas formas — vídeos, conversas, ligações, ilustrações, anúncios etc. —, todas elas dependem da habilidade de escrita, uma vez que, por ser uma atividade cognitivamente complexa, ela requer a coordenação de uma série de pensamentos de ordem superior para que seja bem executada.

É importante lembrar que a leitura é um hábito que, como os demais, pode ser adquirido mesmo por quem não tem familiaridade com a atividade. Uma dica essencial para incluir a leitura na rotina é reservar um tempo diário para ela, que pode começar com 10 minutos e ir aumentando gradualmente. Nesse momento é importante que distrações como celular, computador e televisão sejam eliminadas, o que aumenta a capacidade de concentração. O hábito da leitura também pode ser um importante aliado na redução do uso de redes sociais, cujo excesso pode ocasionar problemas como ansiedade, depressão, baixa qualidade de sono, baixa autoestima e, até mesmo, levar a uma elaboração ficcional da realidade (Jornal da USP, 2021). Leia mais sobre redes sociais e autoestima clicando na coluna “Sem filtro: reflexões sobre autenticidade, autoestima e o impacto das redes sociais”, da Revista E&S.

A leitura, seja de uma obra complexa ou feita como um hobby, é uma atividade que apresenta inúmeros benefícios para os seres humanos. Além de aspectos neurológicos, psicológicos e profissionais, a leitura também permite o fortalecimento do senso crítico e a ampliação da visão de mundo das pessoas. Em um contexto como o atual, de disseminação de fake news e de algoritmos de redes sociais que cercam as pessoas com assuntos que são de seu interesse para garantir que elas não abandonem a atividade, a ampliar o senso crítico tira as pessoas de sua zona de conforto e dá a elas as ferramentas necessárias para discernir entre o que é verdade e o que não é.

Para ter acesso às referências desse texto clique aqui.

Este conteúdo foi produzido por:

Jéssica Zambello

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Tem graduação em Licenciatura em Letras Português-Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e mestrado em Literaturas Portuguesa e Africanas de Língua Portuguesa pela mesma instituição. Desde 2024, atua como revisora e preparadora textual na Editora Pecege.

Autor

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Editora Pecege

Produz materiais nas áreas de agronegócios, educação, gestão e tecnologia, prestando serviços de padronização, revisão, elaboração de ficha catalográfica e produção gráfica. Gerencia a publicação das revistas Quaestum (científica) e Estratégias e Soluções – E&S – (técnico-científica) e publica livros em diversas áreas.

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