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Coluna

Produzindo ciência, gerando conhecimento

15 de fevereiro de 2024

7 min de leitura

O começo de uma pesquisa costuma ser repleto de incertezas. Do tema à metodologia, do cronograma à redação, seja para um artigo, trabalho de conclusão de curso (TCC), dissertação, tese ou estudo empresarial. Há uma infinidade de maneiras de expressar cientificamente os estudos e trabalhos produzidos por estudantes, profissionais e pesquisadores ao longo de suas carreiras. Thomas Kuhn, em seu clássico “A Estrutura das Revoluções Científicas”, aborda a discussão sobre a concepção da ciência, que tem sido questionada com frequência por diversos pesquisadores. O autor explora as teorias acerca do pensamento científico e faz uma reflexão a respeito de como as adversidades que emergem das bases experimentais levam ao surgimento de novas teorias e formas de disseminação do conhecimento.

Entre a quebra de paradigmas discutida por Kuhn e o que é imposto como verdade na academia e na sociedade, revelou-se essencial a discussão sobre a distinção entre as escritas científica e técnica. Tal como a revolução científica descrita pelo autor desafia e altera os paradigmas existentes, a escolha entre esses dois tipos de escrita exige a quebra de preconceitos e a compreensão das diferentes abordagens da comunicação sobre o conhecimento científico. Enquanto a escrita científica tende a seguir uma estrutura e um estilo mais tradicionais, baseados no rigor teórico e metodológico, a escrita técnico-científica muitas vezes prioriza a aplicação prática e a transferência de conhecimento com clareza em contextos específicos, como no caso dos MBAs (Master of Business Administration), pós-graduação latu senso voltada a executivos.

Nesse contexto, a obra “A Epistemologia do Professor: o Cotidiano da Escola”, de Fernando Becker (1993), orienta sobre a epistemologia de quem transmite o conhecimento, ou seja, a forma como as informações são transferidas ao público-alvo, envolvendo a compreensão das características, interesses e necessidades dos receptores. Considerando o público-alvo, os pesquisadores podem ajustar a linguagem, o estilo e o conteúdo da sua comunicação para garantir que os resultados de seu estudo sejam compreendidos e apreciados. Portanto, compreender as diferenças entre esses formatos não só reflete o avanço do pensamento científico, mas também permite aos pesquisadores escolherem a forma mais adequada de comunicar as suas descobertas e contribuições às comunidades acadêmica e profissional, além de democratizar a divulgação científica.

Antes de discutir as diferenças entre a escrita científica e a técnico-científica, é importante compreender e ter claros os objetivos do artigo que será desenvolvido. Por que isso acontece? Colocar uma lupa nos dados de um estudo da Clarivate Analytics publicados pelo Jornal da USP (Dudziak, 2018) pode ajudar a vislumbrar os motivos. A empresa de avaliação científica analisou as submissões globais feitas entre os anos de 2012 e 2016, a partir das métricas do “ScholarOne” plataforma de envio e revisão de artigos e da “Web of Science”, e encontrou números altos de rejeição (maiores que os de aprovação). As estatísticas variam muito tanto em termos geográficos quanto de área do conhecimento (a “Nature Materials”, por exemplo, relatou uma taxa de cerca de 87% de rejeição em 2013), mas os motivos das recusas são bem uniformes:

  • redação ruim;
  • conteúdo não condizente com o escopo da revista;
  • erros de formatação e de estilo;
  • figuras ou tabelas incompletas ou que não transmitem informações claras;
  • conclusões que não refletem os resultados;
  • falta de clareza ou concisão na apresentação.

Fica evidente que a seleção de artigos para publicação é extremamente criteriosa e envolve um processo de avaliação longo e que demanda esforços de vários profissionais, como editores, avaliadores externos (os pares), revisores de texto, diagramadores e demais envolvidos no processo editorial. Esses aspectos ressaltam a relevância de compreender as nuances do processo de publicação científica e as características distintas dos artigos, para que pesquisadores possam navegar com sucesso nesse campo competitivo e dinâmico.

Os primeiros passos não apenas fornecem uma base sólida para a escolha de um formato adequado, mas também garantem a clareza, a unidade e a eficiência do trabalho acadêmico ou profissional e ajudam a escolher o tipo de artigo que melhor se adapta às necessidades e aos objetivos tanto do pesquisador quanto do público-alvo.

Checklist da pesquisa bem estruturada:

Entender qual é a escrita adequada

Escrever um artigo requer não apenas uma compreensão profunda do tópico em discussão, mas também uma seleção cuidadosa de um formato de comunicação para transmitir com eficácia as descobertas e contribuições da pesquisa. A obra “Como se Faz uma Tese”, sobre semiótica e comunicação, publicada por Umberto Eco em 1995, permanece sendo uma das principais diretrizes para os pesquisadores que estão dando os primeiros passos em um estudo.

Uma das principais contribuições que o autor dá no livro é a reflexão sobre a importância atribuída à abordagem de temas contemporâneos, em questões que vão desde a escolha de um tema relevante para a sociedade até a preparação do trabalho. Eco também considera que compreender as diversas formas de representação, seja em texto, imagem, som ou outras manifestações, é fundamental para comunicar de forma eficaz os resultados de uma pesquisa.

E é nesse ponto que o pesquisador precisa estar atento: com qual público quero me comunicar? Para isso, é importante que o autor conheça intimamente a finalidade de seu trabalho. A escolha da escrita adequada pode variar de acordo com o resultado desejado. Por exemplo, as normas de um Trabalho de Conclusão de Curso e os parâmetros de avaliação dos membros da banca geralmente são diferentes do que se espera de um estudo de caso sobre uma empresa. São objetivos diferentes, públicos distintos e, portanto, requerem estilos específicos de redação.

Avaliar o contexto da publicação

Após determinar o perfil de quem será o principal leitor do trabalho, o pesquisador/autor precisa estabelecer um objetivo para cada etapa do artigo, a fim de verificar se todos estão sendo cumpridos. Isso ajuda a manter o foco, caso haja muitos dados a serem trabalhados. Os textos produzidos em forma de TCC, estudo de caso, tese e dissertação também podem se transformar em artigos para publicação em periódicos, portanto, vale a pena caprichar na escrita. Nessa etapa é importante prestar atenção às normas adotadas em cada veículo.

Analisar o propósito do trabalho

O objetivo é contribuir para o desenvolvimento do conhecimento acadêmico, utilizar os resultados num contexto prático, influenciar políticas públicas ou informar o público sobre um tema específico? É importante conhecer as regras e detalhes de cada formato. Tanto os artigos científicos quanto os técnicos possuem diretrizes específicas de estrutura, estilo e conteúdo que devem ser rigorosamente seguidas.

Considerando a complexidade do tópico e o nível de conhecimento e familiaridade do público-alvo é possível delinear um esboço confiável da estrutura que o texto deve ter. Por exemplo, se o tema for altamente técnico ou especializado, uma abordagem mais acadêmica pode ser apropriada. Por outro lado, se o objetivo é atingir um público mais amplo, pode ser preferível uma linguagem mais acessível.

Considerar o impacto desejado

Qual o impacto desejado com a publicação do estudo? Persuadir, informar, educar ou inspirar? A escolha da escrita adequada pode variar de acordo com o resultado esperado. A pesquisa é um caminho, com início, meio e fim; ter essa caminhada clara na cabeça ajuda a acertar a bússola do artigo e a evitar que o texto percorra trilhas sinuosas. Ao considerar cuidadosamente esses aspectos, o pesquisador pode fazer uma escolha informada sobre o estilo de escrita mais apropriado para comunicar suas ideias e descobertas de maneira eficaz e impactante.

Artigo científico versus artigo técnico-científico

Afinal, qual é a diferença entre os artigos científico e técnico-científico? Um artigo científico é uma forma de expressar os resultados, reflexões e informações a partir de uma pesquisa estruturalmente metodológica sobre determinado fenômeno (Nakata e Hashimoto, 2008). Os artigos científicos são normalmente publicados em revistas profissionais, após passarem por um processo de avaliação por especialistas, preparação de texto e revisão gramatical.  É possível acessar exemplos de artigos científicos na Revista Quaestum, da Editora Pecege.

Já o objetivo principal de um artigo técnico-científico, de acordo com Cyrino (2019), é fornecer orientações práticas ou soluções para um determinado problema em uma área específica, originado de um projeto estruturado com a hipótese de pesquisa. Os TCCs de MBA, geralmente voltados para profissionais do mercado de trabalho que desejam se especializar em suas funções, são bons exemplos. Esses estudos são baseados em evidências científicas, mas sua estrutura é direcionada de maneira a ter uma abordagem mais aplicada e menos teórica do que os artigos científicos tradicionais. Exemplos de artigos técnico-científicos estão disponíveis na Revista Estratégias e Soluções (E&S), da Editora Pecege.

De toda forma, é fundamental que os manuscritos, além de focar na formulação de projetos e objetivos relevantes para a sociedade, tenham como premissa a obtenção de dados pertinentes e confiáveis (Nakata e Hashimoto, 2008). Esses dados servirão como base para os resultados e teorias desenvolvidos. Creswell (2014) descreve as duas abordagens de pesquisa para coletar, analisar e interpretar dados. A quantitativa, que advém de pesquisas estatísticas, passíveis de representação numérica na mensuração dos dados obtidos, pode ser estruturada por meio de questionários e análises de relatórios, e geralmente é representada por meio de tabelas e gráficos, entre outros. A segunda diz respeito à pesquisa qualitativa, que tem por objetivo a coleta de informações interpretativas e de conceitos múltiplos a partir das várias perspectivas do avaliador. Ela pode ser realizada por meio de entrevistas, observações e documentos; e o seu desenvolvimento habitualmente é feito a partir de estudos de caso, etnografias e grupos focais, entre outros.

Portanto, a pesquisa científica e a técnico-científica devem se embasar em metodologias capazes de alcançar os objetivos propostos. Independentemente da abordagem, tipo ou metodologia adotada, toda pesquisa deve ser norteada por princípios éticos, assegurando integridade, confiabilidade e respeito pelos direitos dos participantes e pela comunidade acadêmica como um todo (Sentelhas, 2019). Afinal, a produção científica deve estar aliada à proteção dos direitos individuais de cada pessoa, pois gerar conhecimento e contribuir para o avanço da sociedade requer responsabilidade e compromisso com a ética em todas as etapas do processo de pesquisa.

Para ter acesso às referências desse texto clique aqui

Este conteúdo foi produzido por:

Luiz Eduardo Giovanelli

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Editor assistente da Revista Estratégias e Soluções. Mestrando em Administração pela Universidade de São Paulo. Especialista em Gestão Pública pela Universidade Estadual de Ponta Grossa e graduado em Administração pela Universidade Estadual do Norte do Paraná. 

Autor

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Editora Pecege

Produz materiais nas áreas de agronegócios, educação, gestão e tecnologia, prestando serviços de padronização, revisão, elaboração de ficha catalográfica e produção gráfica. Gerencia a publicação das revistas Quaestum (científica) e Estratégias e Soluções – E&S – (técnico-científica) e publica livros em diversas áreas.

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