Governança ajuda empresa familiar a vencer obstáculos
12 de dezembro de 2024
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“Não é um rompimento, é um processo de continuidade; envolve uma parceria entre as gerações”, diz conselheiro
Grande parte da economia brasileira é baseada em empresas com perfil familiar. De acordo com o IBGE, elas representam 90% das corporações e empregam 75% da mão de obra do país. No entanto, somente uma pequena parcela dessas empresas chega até a 3ª geração sem fechar as portas ou mudar de mãos.
Os motivos são até previsíveis: conflitos dentro da família, nepotismo e resistência à mudança, principalmente. A boa notícia é que existem profissionais que podem ajudar a resolver boa parte desses problemas, orientando as empresas a respeito das boas práticas de governança. “Implementar a governança não significa tirar a família, significa [estabelecer] uma definição clara de papéis”, afirma Thiago Salgado, conselheiro independente e mentor especialista em empresas familiares. “Uma empresa que tem governança é avaliada no mercado de forma superior”, diz.
Nesta entrevista à Revista Estratégias e Soluções (E&S), da Editora Pecege, Salgado revela à apresentadora Soraia Fessel alguns segredos importantes para que a organização familiar consiga alcançar um equilíbrio entre a tradição e a inovação, o que pode aumentar a resiliência e as chances de a empresa ultrapassar o tabu da 3ª geração.
“Sucessão é continuidade”, afirma Thiago Salgado, que também é professor dos MBAs USP/Esalq. Ele deve saber do que está falando, pois já passou pelo processo de profissionalização da empresa de sua própria família.
Segundo ele, não existe uma receita pronta, mas sim boas práticas. “Governança é uma jornada, não é um evento, é uma coisa que você começa e nunca mais termina. Porque a empresa muda, a família muda, o mercado muda; então, a governança tem que ir se adaptando”, explicou.
Para ele, a resistência à mudança pode ser quebrada quando os gestores entendem que profissionalizar uma empresa significa apenas colocar as pessoas certas nos lugares certos. “É governança, não é um rompimento, é um processo de continuidade; envolve uma parceria entre as gerações”, resume.
Segundo Salgado, famílias inteligentes planejam, não esperam acontecer algum problema. Atualmente já existe a figura dos consultores de sucessão familiar, mas ainda são poucos. Para atuar nessa área, o profissional precisa entender de governança, de empresa familiar e de pessoas, além de ser especialista em negócios.
Apesar de ser um caminho para o qual é preciso persistência, o final vale a pena. Entre os resultados que podem ser obtidos, Salgado cita que as empresas que implementam governança têm mais crédito no mercado e atraem mais talentos.
Sobre o entrevistado
Engenheiro Agrônomo pela USP/Esalq, Thiago Salgado tem grande experiência em gestão, estratégia e liderança e é especialista em empresas familiares. Atua como conselheiro e consultor em diversas empresas. É membro da Comissão de Empresas Familiares do IBGC e diretor da Associação Comercial e Industrial de Piracicaba – ACIPI. É facilitador e palestrante em programas in company de desenvolvimento de pessoas como Syngenta (Academia de Líderes) e Cebrace (Programa Próxima Geração).