Brasil enfrenta o greening para manter a liderança na exportação de suco de laranja

23 de abril de 2024

2 min de leitura

Quase todo o suco de laranja consumido hoje no mundo é produzido no Brasil.  O país é o maior produtor da fruta e é líder em exportação do suco, com destaque para São Paulo. Especialista em citricultura, o engenheiro agrônomo e consultor Gilberto Tozatti conta, na entrevista deste mês da Revista Estratégias e Soluções, da Editora Pecege, que a indústria que processa a fruta e seus subprodutos (substâncias extraídas da laranja) vem crescendo ainda mais no país.

“Quando você entra no supermercado, por exemplo, a maior parte dos alimentos tem alguma coisa relacionada à citricultura.” Mas o setor tem um importante desafio pela frente: vencer a batalha contra o greening, doença sistêmica causada por um inseto que já devastou pomares nos Estados Unidos e no México. Para saber mais sobre o assunto, vale a pena assistir ao bate-papo entre Tozatti – integrante do Grupo de Consultores em Citros (Gconci) – e a apresentadora Soraia Fessel (clique no vídeo).

No Brasil, 70% das laranjas produzidas vão para a indústria de suco, e 30%, para o mercado de frutas frescas. A grande maioria da produção vem do chamado cinturão citrícola, que engloba o Estado de São Paulo (80%) e parte do triângulo mineiro. Outros polos ficam na Bahia, Sergipe, Paraná e Goiás.

Uma doença sistêmica chamada greening, grande ameaça à citricultura mundial, tem desafiado os produtores e especialistas, pois vai reduzindo, aos poucos, a capacidade produtiva da planta. A doença é causada por uma bactéria transmitida por um inseto chamado psilídeo.

“Seria necessário controlar o vetor, mas é difícil, assim como acontece com o mosquito [transmissor] da dengue”, explica o consultor Gilberto Tozatti. “Têm-se investido milhões de dólares nos Estados Unidos e no Brasil em pesquisas para tentar controlar essa doença”, conta.

Em função disso começaram a surgir diversos projetos de plantio de laranja em outros estados, em regiões mais isoladas e com menos casos da doença. “O Brasil tem uma condição climática e geográfica mais favorável”, afirma ele. Com isso, é possível espaçar mais um pomar do outro e mitigar a transmissão.  

Segundo Tozatti, as produções da Flórida (EUA), que já foi líder do setor, e do México foram praticamente aniquiladas pelo greening. Por isso, ele acredita que o Brasil “tem uma oportunidade fantástica para o agronegócio [preenchendo esse vácuo]”.

Essa indústria representa muitas divisas e oportunidades de emprego para o país. Mas, para manter o nível atual da produção (1 milhão de toneladas de suco exportadas) e suprir a demanda mundial, Tozatti alerta que o Brasil precisa investir mais no combate ao greening e no plantio de novos pomares.

Sobre o entrevistado

Gilberto Tozatti é engenheiro agrônomo, especialista em citricultura e consultor, integrante do Grupo de Consultores em Citros (Gconci). É professor convidado dos cursos de MBA USP/Esalq em Agronegócios e em Gestão Escolar, operacionalizados pelo Pecege, e da especialização em Solos e Nutrição de Plantas da Sollo Agro, da USP/Esalq.

Quem editou este artigo

Foto do Colunista

Renata de Gaspari Valdejão Almeida

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