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Coluna

Como a inteligência artificial supera especialistas humanos em neurociência

3 de dezembro de 2024

4 min de leitura

LLMs podem atuar como “parceiros inteligentes” dos cientistas, processando grandes volumes de dados e integrando informações

Um estudo recente publicado na Nature Human Behaviour demonstrou que modelos de linguagem avançados (Large Language Models, LLMs) podem superar especialistas humanos em previsões científicas em determinadas situações. A pesquisa, conduzida por Luo et al. (2024), destacou o potencial da inteligência artificial (IA) em não apenas igualar o desempenho humano, mas também em oferecer vantagens significativas em análises e previsões no campo da neurociência.

Os pesquisadores criaram um benchmark inovador chamado BrainBench, projetado para avaliar se modelos de linguagem avançados podem prever resultados experimentais em neurociência de maneira mais eficaz do que especialistas humanos. O BrainBench se baseia em uma tarefa intrigante: os participantes (tanto humanos quanto modelos de IA) precisavam analisar dois resumos científicos semelhantes, sendo um com os resultados reais de um estudo e outro com resultados alterados, mas que mantinham coerência lógica e científica. O desafio estava em identificar qual resumo continha os resultados corretos.

Para isso, foram utilizados modelos de linguagem como o BrainGPT, que foi especificamente ajustado com publicações científicas da área de neurociência, além de outros modelos mais gerais. Essa abordagem não apenas testou a capacidade dos LLMs de processar informações complexas e ruidosas, mas também explorou sua habilidade de integrar dados e identificar padrões nos métodos e nos resultados descritos nos estudos.

Resultado

Os números são realmente impressionantes e demonstram o potencial transformador da inteligência artificial na ciência. Os modelos de linguagem atingiram uma precisão média de 81% ao identificar os resumos com resultados reais, superando significativamente os especialistas humanos, que obtiveram uma média de 63%. Entre os modelos avaliados, o BrainGPT, que foi ajustado especificamente com dados de publicações científicas da neurociência, destacou-se com um desempenho ainda superior.

Um ponto particularmente interessante foi a calibração de confiança apresentada pelos modelos. Quando os LLMs indicavam alta certeza em suas respostas, a probabilidade de acerto também era maior, um indicativo de que essas ferramentas podem fornecer previsões confiáveis e bem fundamentadas. Essa característica é especialmente relevante em um cenário de colaboração entre humanos e máquinas, no qual entender a confiança nas previsões é essencial para decisões científicas.

Parceiras inteligentes

A ciência moderna enfrenta um desafio fundamental: o volume de informações disponíveis cresce em um ritmo exponencial, impossibilitando para qualquer ser humano acompanhar todas as publicações relevantes em sua área. Estudos e descobertas importantes podem passar despercebidos em meio à vasta quantidade de dados gerados diariamente. Nesse contexto, ferramentas como os modelos de linguagem avançados podem atuar como “parceiras inteligentes” dos cientistas, processando grandes volumes de dados e integrando informações de uma forma que humanos sozinhos não conseguem.

Além disso, o estudo revelou que, enquanto os especialistas humanos frequentemente se concentram em aspectos isolados de um problema, os LLMs conseguem integrar informações de maneira holística, identificando padrões sutis e correlações entre métodos e resultados. Isso acelera o processo de análise científica e pode abrir portas para novas hipóteses e descobertas ao destacar tendências ou relações que poderiam passar despercebidas.

Riscos

Embora os avanços sejam impressionantes, o uso de modelos de linguagem no contexto científico também levanta preocupações importantes. Uma delas é o risco de dependência excessivada IA. Se cientistas começarem a evitar explorar hipóteses que contradizem as previsões feitas pelos modelos, o campo pode perder oportunidades de realizar descobertas revolucionárias, especialmente quando essas previsões refletem padrões prevalentes na literatura, mas não necessariamente verdades.

Outro ponto crítico é a possibilidadede enviesamento nas decisões. Modelos de linguagem treinados em grandes volumes de dados podem herdar vieses presentes na literatura científica, como tendências de publicação ou lacunas de conhecimento, o que pode comprometer a qualidade das previsões. Além disso, confiar cegamente nas sugestões da IA, sem uma análise crítica, pode levar a erros significativos, especialmente em áreas onde nuances ou interpretações humanas são cruciais.

Por fim, há um debate ético e científico sobre o equilíbrio entre o uso da IA como ferramenta auxiliar e o risco de ela substituir habilidades analíticas humanas, essenciais para interpretar e contextualizar descobertas. Para mitigar esses riscos, é fundamental que as previsões geradas pelos modelos sejam acompanhadas de indicadores claros de confiança e limitações, promovendo uma colaboração equilibrada entre humanos e máquinas.

O futuro

A inteligência artificial está moldando o futuro da ciência, com os LLMs liderando essa revolução. Essas ferramentas têm o potencial de transformar a prática científica, tornando-a mais ágil, eficiente e orientada por dados. À medida que os LLMs continuarem a evoluir, eles poderão ser atualizados constantemente com novos dados científicos, mantendo-se alinhados às últimas descobertas e avanços nas mais diversas áreas do conhecimento.

No caso de modelos como o BrainGPT, é possível imaginar sistemas que não apenas auxiliem na análise de estudos existentes, mas também ajudem os cientistas a planejar experimentos mais estratégicos, fornecendo opiniões sobre os métodos e resultados prováveis ou indicando lacunas na literatura que merecem investigação. Esse tipo de aplicação já começa a ser visto em áreas como biomedicina e neurociência, onde a integração de IA acelera a identificação de novos tratamentos e intervenções.

Além disso, ferramentas desse tipo podem ser integradas a pipelines de pesquisa, sugerindo interpretações iniciais para resultados ou auxiliando na priorização de projetos com maior probabilidade de sucesso. Isso poderia reduzir o tempo e os recursos necessários para conduzir pesquisas, acelerando a taxa de inovação e trazendo benefícios diretos à sociedade.

No entanto, o futuro também dependerá da colaboração entre humanos e máquinas, aproveitando o melhor das capacidades computacionais e analíticas dos LLMs e da criatividade e do senso crítico dos cientistas. A IA, assim, seria mais uma parceira do que uma substituta, potencializando a capacidade humana de fazer descobertas e expandir o conhecimento científico. Com essa parceria, o horizonte da ciência parece mais amplo do que nunca, pronto para ser explorado.

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Autor

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José Erasmo Silva

É empresário no setor de serviços, formado em matemática e administração. Tem mestrado e doutorado em administração, com foco em Finanças, e especializações em data science e analytics e em finanças e controladoria. Atualmente atua como professor no MBA em Data Science e Analytics da USP/Esalq e pesquisador na Universidade Federal da Bahia (UFBA).

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