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Entrevista

Novas estratégias no combate ao greening

13 de setembro de 2024

4 min de leitura

Debate analisa medidas de melhoramento do solo para aumentar a saúde e a tolerância das plantas na citricultura brasileira

Maior produtor de laranja do mundo e líder na exportação do suco, o Brasil está em plena guerra contra um inimigo que já derrotou outros países: o greening. Trata-se da doença que é considerada a mais destrutiva da citricultura mundial, de acordo com a Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura), e cujo agente causador é uma bactéria. A transmissão acontece por meio de um inseto chamado psilídeo.

A doença reduz a capacidade produtiva da planta, causando grande impacto na colheita. Levantamento realizado em 2021 pelo Fundecitrus mostrou incidência crítica de greening no interior do Estado de São Paulo, principal polo produtor de citros do país. Os maiores números foram registrados nas cidades de Limeira (61,75%), Brotas (50,40%), Porto Ferreira (37,84%), Avaré (29,41%) e Duartina (26,15%).

A eliminação de plantas sintomáticas é obrigatória até o oitavo ano após o plantio, segundo a legislação estadual. O problema é que a incidência vem crescendo e já atinge 79,38% em Limeira e 77,06% em Brotas, de acordo com dados divulgados pela entidade em setembro de 2024. No caso de Porto Ferreira, houve um salto de 37,84% para 71,77%. “Eu não tenho dúvida de que precisamos buscar alternativas”, afirma o engenheiro agrônomo e consultor especialista em citricultura Gilberto Tozatti.

Na entrevista deste mês, a Revista Estratégias e Soluções, da Editora Pecege, promoveu um debate sobre esse assunto com base na experiência do engenheiro agrônomo Kunio Nagai, que atua como consultor em agricultura sustentável há 30 anos e ajudou pequenos agricultores paulistas de Pilar do Sul a controlar a doença em seus pomares, que já ultrapassaram a idade de corte. Também participaram da conversa o pesquisador Diogo Manzano Galdeano, doutor em biologia molecular pela Unicamp, PhD em Patologia de Plantas pela Universidade da Califórnia (EUA) e professor-adjunto da UFV, e Tozatti, que também é integrante do Grupo de Consultores em Citros (Gconci).

Assista a conversa a seguir (clique no vídeo).

Embora a evolução do greening em 2024 tenha desacelerado com relação aos números anteriores – 6,29 pontos percentuais de crescimento de 2023 para 2024, contra 13,66 pontos percentuais de 2022 para 2023, em média –, os dados da Fundecitrus são preocupantes e demandam estratégias alternativas conjuntas para que o Brasil tente evitar o mesmo destino dos Estados Unidos – onde a produtividade já caiu 74% desde 2005.  

Bokashi

O foco de Kunio Nagai, que presta orientação gratuita em pequenas lavouras espalhadas pelo Estado de São Paulo, é o melhoramento do solo. A técnica que ele ensina calcula a adubação com base na análise química do solo e na exportação dos elementos conforme a cultura. A base do tratamento recomendado por ele é um adubo orgânico de origem oriental conhecido como bokashi.

Nagai conta que no ano de 2021, em Pilar do Sul (SP), encontrou produtores enfrentando dificuldades com seus pomares de dekopon (espécie de tangerina), que estavam com a produtividade em declínio por causa do greening. Atualmente no terceiro ano do tratamento preconizado por Nagai, os pomares voltaram a produzir normalmente e praticamente não têm mais sintomas da doença.

Formado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP, em 1961, Nagai é autor do livro “Manejo do Solo e Adubação (IPTDA Jatak, 2008)”. Para ele, melhorar o solo é sinônimo de aumentar a saúde da planta e torná-la mais tolerante aos patógenos, o que contribui para um sistema agrícola mais lucrativo e sustentável.

O bockashi é um composto de farelos anaeróbico no qual são adicionados micro-organismos eficazes, responsáveis por reestruturar o solo e induzir a planta a emitir radicelas, estruturas importantes para a absorção de nutrientes.

“A área de microbiologia é pouco estudada”, afirma Tozatti. “Essas observações de campo são fatos, não há dúvida, a gente também observa em outras situações o uso de micro-organismos, com uma tolerância maior da planta [a doenças]”, diz. “Eu acho que precisamos nos aprofundar mais nesse assunto.”

Na opinião de Diogo Galdeano, a discussão sobre a microbiologia do solo faz sentido, porém o assunto precisa de mais estudos para verificar se realmente existe a redução da bactéria na planta. “Precisamos testar isso em uma pesquisa, com diversos tratamentos e com controles”, diz. Galdeano trabalha em uma pesquisa, que teve início em seu pós-doutorado nos EUA, para sintetizar moléculas de RNA de vírus normalmente encontrados no psilídeo, que seriam capazes de desligar genes do inseto envolvidos na transmissão da bactéria causadora do greening.

A esperança é que debates e esforços conjuntos consigam levar a estratégias para frear o avanço do greening e alavancar a competitividade da citricultura brasileira. “Não devemos deixar de controlar o psilídeo, não devemos deixar de erradicar as plantas sintomáticas. Porém, num sistema como esse nós já temos que pensar em fazer a convivência”, define Tozatti.

Sobre os entrevistados

Kunio Nagai – Engenheiro agrônomo formado pela USP/Esalq, é consultor em agricultura sustentável há 30 anos e autor do livro “Manejo do Solo e Adubação (IPTDA Jatak, 2008)”;

Gilberto Tozatti – Engenheiro agrônomo formado pela Unesp, é consultor especializado em citros e integra o Grupo de Consultores em Citros, que atua no país todo;

Diogo Galdeano – Doutor em biologia molecular pela Unicamp e PhD em Patologia de Plantas pela Universidade da Califórnia (EUA). É professor-adjunto do Departamento de Fitopatologia da Universidade Federal de Viçosa (MG).

Quem editou este artigo

Foto do Colunista

Renata de Gaspari Valdejão Almeida

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