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Coluna

Caminhos do conhecimento: a importância da organização na pesquisa científica

23 de abril de 2024

7 min de leitura

Projeto claro com todo o processo detalhado evita possíveis distorções e fugas de rota

“O que não tem certeza, nem nunca terá/O que não tem conserto, nem nunca terá”. Esse trecho da música “Que Será (À Flor da Terra)”, de 1976, composta por Chico Buarque, convida a refletir sobre a jornada da vida e remete à importância de vivenciá-la com sabedoria e flexibilidade. As incertezas, inerentes aos caminhos que as escolhas pessoais traçam, avançam para as diversas áreas da construção do saber.

Essas reflexões sobre a existência, o tempo, o passado e o futuro também são importantes na hora de explorar novas possibilidades na ciência. Como nos versos que questionam as incertezas do percurso, são poucas as certezas de quem inicia uma pesquisa.

O processo da pesquisa é uma construção. O desenvolvimento do estudo de forma estruturada é o alicerce que garante a reprodução de dados confiáveis e significativos, o que, por sua vez, auxilia no entendimento do leitor. A qualidade de qualquer estudo, seja científico, acadêmico ou de mercado, depende em grande parte de como o trabalho vai ser apresentado.

Ao delinear uma pesquisa de forma precisa e organizada, os pesquisadores não apenas garantem a credibilidade de seus resultados, mas também facilitam a compreensão e a interpretação das descobertas por parte do público-alvo. A clareza nesse ponto é de suma importância para que o autor não se perca nas adversidades do caminho, assim como ecoa a canção que é a premissa deste texto (leia mais sobre clareza na última coluna da Editora Pecege, pelo link (https://revistaes.com.br/colunas/onde-esta-a-clareza/).

Cooper e Schindler (2003) salientam, em seu livro sobre métodos e pesquisas em administração, que esse caminho deve ter como base um projeto claro com todo o processo detalhado, com o principal intuito de evitar possíveis distorções e fugas de rota.

Nesse sentido, os autores também abordam que as estratégias devem se basear nos estágios básicos de formulação da pesquisa; por isso, é importante ter um cronograma de cada ação, a partir da escolha das ferramentas de pesquisa que serão utilizadas, para que o autor tenha controle das variáveis que podem vir a ocorrer durante a execução.

Entender essas variáveis envolve escolher a que tipos de texto o pesquisador pretende se dedicar. Para se aprofundar nesse assunto, leia a primeira coluna da Editora Pecege, que aborda a importância do conhecimento científico e as diferenças entre artigo científico e artigo técnico-científico (https://revistaes.com.br/coluna/produzindo-ciencia-gerando-conhecimento/).

Até aqui deve ter ficado patente que conhecer o público-alvo e ter uma estrutura bem definida desde o início da pesquisa são pontos importantes para o sucesso de qualquer estudo. A figura abaixo mostra como esse processo pode ser estruturado:

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de Volpato (2015) e Cyrino (2019).

Estruturar o projeto de maneira adequada não apenas ajuda a evitar distorções e desvios durante o processo, mas também auxilia na superação das dificuldades inerentes à jornada da pesquisa científica, assim como descreve Volpato em seu “Guia Prático para Redação Científica”, de 2015. Uma das principais dificuldades enfrentadas pelos pesquisadores é a elaboração de um plano de trabalho que concilie um tema com a necessidade de clareza e organização. Essa tarefa pode ser especialmente desafiadora diante das incertezas que permeiam o processo de investigação, exigindo dos pesquisadores habilidades de análise crítica, flexibilidade e adaptação. A seguir um guia ajuda a entender como uma pesquisa pode ser estruturada de maneira eficaz, destacando a importância de cada componente na produção de dados de alta qualidade.

  • Título

Uma descrição curta e informativa do conteúdo do artigo. Algo sucinto e preciso, que represente de forma clara o trabalho. Volpato (2015) salienta que o título é o chamariz do artigo e deve abordar os principais conceitos elencados na pesquisa.

  • Resumo e abstract

Um breve resumo dos principais tópicos do trabalho: objetivos, métodos, resultados e conclusões do estudo. Apresente em forma resumida a essência do trabalho (Volpato, 2015), geralmente entre 100 e 250 caracteres. O resumo deve estar na língua do idioma do texto, acompanhado do abstract, que é a tradução em inglês desse recorte. É comum elaborar esse texto por último, pois é nele que estarão as principais informações de cada seção do trabalho, do objetivo até os resultados.

  • Palavras-chave

O resumo/abstract deve ser acompanhado de palavras-chave. São as palavras principais que norteiam o artigo. Para a publicação e posterior citação dos artigos em revistas, é importante a escolha adequada desses termos, de modo que os textos sejam capturados nos mecanismos de busca dos periódicos e alcancem seus leitores principais (Garcia, Gattaz e Gattaz, 2019). Em geral entre três e cinco palavras são suficientes.

  • Introdução

É nessa seção que o autor apresenta ao leitor o caminho da pesquisa e desperta a atenção para o tema. O tópico deve conter as principais informações que levaram à escolha do tema (Cyrino, 2019). Nessa parte é importante trazer dados de fontes atuais e confiáveis para contextualizar a hipótese e/ou objetivo (exemplo: IBGE, ONU, OMS, IPCA, entre outros indicadores e fontes governamentais); a partir daí é possível elaborar a justificativa do trabalho para desencadear na problemática de estudo.

LEMBRETE: um bom estudo deve ter um problema claro a ser resolvido. Uma vez estabelecido, ele ajuda a traçar o objetivo geral e os eventuais objetivos específicos que servirão de auxílio para responder à problemática central do artigo.

  • Levantamento do estado da arte/revisão da literatura/referencial teórico

Essa seção, que tem várias nomenclaturas, a depender da estrutura do trabalho, diz respeito a todo o contexto intelectual e literário existente sobre o assunto. Em alguns tipos de texto, como os técnicos-científicos, a base de literatura deve ser apresentada juntamente com a introdução. Cooper e Schindler (2003) argumentam que, para que um projeto seja reconhecido, é necessário conhecer e utilizar uma vasta bibliografia a respeito do assunto tratado.

Nessa seção deve ser construída a estrutura de contextualização do estudo, com o intuito de abordar uma análise aprofundada sobre o tema, procurando possíveis lacunas e/ou contribuições acerca do que se tem estabelecido na literatura. Vale lembrar que a literatura deve estar presente em todo o desenvolvimento do texto para contextualização do assunto e validação da metodologia adotada, que também deve ser representada por referências do assunto.

  • Materiais e métodos/metodologia

Nessa parte o pesquisador deve realizar uma descrição detalhada dos métodos e procedimentos utilizados para conduzir o estudo, incluindo informações sobre o desenho da pesquisa, amostras, materiais e instrumentos utilizados. É nessa seção que deverá estar presente o caminho por onde sua pesquisa irá percorrer, as ferramentas metodológicas que foram utilizadas, quem e quantas pessoas/empresas foram estudas. Aqui você deve traçar o cronograma das tarefas evidenciando como o trabalho foi conduzido.

Em seu livro “Segredos e Truques da Pesquisa”, Becker (2008) salienta que a base metodológica de uma pesquisa desempenha um papel crucial na garantia da qualidade e credibilidade dos resultados. O autor avalia que é essencial que os pesquisadores identifiquem os métodos mais adequados para coletar e analisar os dados necessários para responder às suas perguntas de pesquisa. Isso pode envolver uma variedade de técnicas, desde entrevistas e observações até análises estatísticas complexas, dependendo da natureza do problema de pesquisa e dos dados disponíveis.

  • Resultados e análise dos dados/discussão

Nessa seção, devem ser apresentadas as principais contribuições e resultados do estudo da forma mais clara e concisa que for possível. Geralmente, esses dados são acompanhados por tabelas, gráficos ou figuras, e o autor pode validar ou refutar as variáveis, tratar os dados e informações coletadas e detalhar as descobertas da pesquisa.

Cyrino (2019) destaca que, dependendo do formato do texto e do veículo de publicação escolhido, os resultados e a discussão podem ser apresentados de forma combinada e intercalada. Isso envolve compartilhar as descobertas da pesquisa conforme os métodos empregados, ao mesmo tempo em que é feita a discussão e interpretação dos dados, trazendo as reflexões embasadas pelo autor.

Em alguns periódicos e trabalhos, recomenda-se separar essas duas seções. Portanto, é crucial estudar o periódico antes de submeter um texto à publicação, para compreender suas diretrizes específicas.

  • Conclusão/considerações finais

As principais conclusões do estudo devem aparecer nesse trecho do artigo, além das impressões do autor a respeito das implicações do estudo para o campo de pesquisa e as recomendações para pesquisas futuras que porventura retomem os principais pontos do estudo. É nessa seção que devem ser apresentadas as contribuições que os resultados do trabalho trouxeram, além de responder ao objetivo proposto pela pesquisa.

  • Referências

A seção de referências é responsável pela credibilidade e pela validação do trabalho acadêmico. Não se trata apenas de uma formalidade, mas sim de uma parte essencial do processo de pesquisa, que demonstra a base teórica e metodológica utilizada pelo autor.

Cada periódico possui suas especificidades para a citação das referências. ABNT, APA e Vancouver são algumas das principais normas utilizadas para formular as citações. É interessante investigar os parâmetros do periódico escolhido antes de submeter o artigo à publicação e, depois, adequar o texto às normas e modelos exigidos (Cyrino, 2019).

Assim como a jornada da vida, a construção de um artigo científico é permeada por incertezas, desafios e descobertas. Da mesma forma que os versos de Chico Buarque nos convidam a refletir sobre os caminhos que percorremos, a preparação para a escrita de um artigo científico chama o pesquisador para vivenciar a trajetória da pesquisa científica com sabedoria e estruturação. Esperamos que esse texto auxilie você a trilhar um caminho mais claro para seus estudos!

Para ter acesso às referências desse texto clique aqui.

Este conteúdo foi produzido por:

Luiz Eduardo Giovanelli

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Editor assistente da Revista Estratégias e Soluções. Mestrando em Administração pela Universidade de São Paulo. Especialista em Gestão Pública pela Universidade Estadual de Ponta Grossa e graduado em Administração pela Universidade Estadual do Norte do Paraná. 

Autor

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Editora Pecege

Produz materiais nas áreas de agronegócios, educação, gestão e tecnologia, prestando serviços de padronização, revisão, elaboração de ficha catalográfica e produção gráfica. Gerencia a publicação das revistas Quaestum (científica) e Estratégias e Soluções – E&S – (técnico-científica) e publica livros em diversas áreas.

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