A Era da Longevidade e a força da Silver Economy

19 de abril de 2024

3 min de leitura

Consumidores 50+ são mais estáveis financeiramente, têm preocupação com bem-estar e saúde, valorizam a qualidade e são fiéis às marcas

Longe dos estereótipos datados, o consumidor 50+ está redefinindo não apenas o conceito de envelhecimento, mas também o cenário do consumo e as expectativas em relação aos produtos e serviços oferecidos pelas marcas. Esse consumidor é o protagonista da Silver Economy, ou Economia Prateada, ou ainda Economia da Longevidade, que se refere às atividades econômicas, produtos e serviços que atendem às demandas das pessoas com mais de 50 anos.

O último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou que, em 2022, o total de pessoas com 65 anos ou mais no Brasil representou 10,9% da população. Ainda de acordo com o censo, o número de pessoas com mais de 60 anos teve um aumento de 56% em relação a 2010.

Já um estudo de 2021 da Data8 – empresa especializada em pesquisar sobre esse tipo de público-alvo – mostrou que os brasileiros com 50+ movimentam quase R$ 2 bilhões por ano. Segundo a Data8, houve um crescimento acelerado das “agetechs”, as startups que oferecem soluções para a longevidade, de 81 negócios mapeados em 2018 para 343 em 2020.

O mesmo estudo mapeou o perfil dos consumidores brasileiros com mais de 50 anos. Perguntados sobre as suas prioridades, 69% responderam que era cuidar da saúde; enquanto 43% queriam passar mais tempo com a família; e 42% priorizavam viajar mais. Além disso, a pesquisa apontou que 57% dos respondentes não se sentiam com a idade que tinham, e 33% acreditavam que chegariam aos 100 anos de idade.

Os dados acima revelam uma série de insights sobre o comportamento e as prioridades dos brasileiros com mais de 50 anos, bem como sobre o impacto econômico significativo que eles têm: a movimentação financeira expressiva, a busca desses consumidores por experiências significativas e uma mudança na percepção tradicional do conceito de envelhecimento.

Assim, nesta nova economia, o mercado está abandonando o que considerava como “velho” e passando a uma realidade diferente, onde surgem novas nomenclaturas como “envelhescência” e “envelhescente”, que passam a fazer parte do nosso vocabulário, em um cenário em que a população sênior tem uma implicação relevante no consumo: é nesta geração que se concentra a renda e o poder aquisitivo.

Os consumidores 50+ tendem a ter mais experiência e conhecimento acumulados ao longo dos anos, são mais estáveis financeiramente, possuem maior preocupação com bem-estar e saúde, valorizam a qualidade e são fiéis às marcas. Há uma preocupação maior por produtos e serviços convenientes.

Entretanto, assim como em outros segmentos, o de pessoas mais maduras apresenta uma série de desafios para as empresas, como, por exemplo, a superação do estereótipo associado à idade, a comunicação mais sensível a esse grupo e a adaptação de seus integrantes à tecnologia. Porém, as oportunidades vêm junto. Novos produtos e serviços focados em saúde e bem-estar, além de soluções convenientes, personalizadas e de alta qualidade têm chance de prosperar nesse mercado. 

Alguns insights podem ser valiosos para as marcas que trabalham com esse público ou que almejam trabalhar:

  1. inovação em produtos e serviços: o investimento constante em pesquisa para criar ou melhorar produtos e serviços que atendam às necessidades específicas do cliente 50+, incluindo dispositivos tecnológicos intuitivos, soluções e atendimento personalizados, podem agregar valor para os consumidores desse nicho;
  2. representatividade na comunicação, conteúdo e linguagem: incorporar a representatividade em todas as formas de comunicação – envolvendo a escolha das imagens, da mensagem e dos canais que reflitam a diversidade etária – pode aproximar esse consumidor; também é importante garantir um conteúdo inclusivo que respeite a experiência e o repertório de vida deste público.
  3. design e acessibilidade: adotar práticas de design inclusivo que possam considerar ergonomia, legibilidade e estética para atender a esse perfil. Outro ponto de destaque é a acessibilidade digital em plataformas on-line, como sites, por exemplo, com fontes ajustáveis, configuração de cores e ampliação do tamanho do cursor. O design deve ser uma extensão da experiência do usuário maduro, facilitando o acesso e a interação;
  4. valorização do tempo: priorizar soluções que economizem o tempo e facilitem o acesso do consumidor 50+ a produtos e serviços. É fundamental simplificar os processos de compra e de suporte ao cliente. O foco é a conveniência em toda a jornada deste cliente.

Assim, à medida que a expectativa de vida aumenta e as gerações mais maduras continuam a influenciar o mercado, as marcas que adotarem uma abordagem sensível, inovadora e adaptada às suas necessidades terão mais chances de sucesso em suas estratégias. 

Autor

Foto do Colunista

Silmara Regina de Souza

Mestre em Administração, consultora pelo Sebrae SP. Palestrante, conteudista, especialista em marketing e comunicação digital. Entusiasta da produção de conteúdo e do uso estratégico das redes sociais como canais de relacionamento e comunicação.

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