Os desafios das lideranças na atualidade
17 de dezembro de 2024
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Mais do que gestores de processos, os líderes precisarão ser gestores de pessoas
A McKinsey & Company, empresa americana de consultoria, identificou 200 CEOs considerados bem-sucedidos e realizou entrevistas em profundidade com 67 deles, buscando responder a algumas questões: como ser um ótimo CEO do século XXI e o que os CEOs fazem? Por que eles fazem dessa forma? E o que mais importa?
Paralelamente, no último RH Summit, o maior congresso de recursos humanos do Brasil, foram elencados os maiores desafios na gestão de pessoas, sendo destaques o desenvolvimento de líderes (maior preocupação), o fortalecimento da cultura organizacional, a retenção dos talentos-chave e o impacto da inteligência artificial.
Nesse aspecto e já dando foco aos desafios complexos e dinâmicos com os quais as lideranças precisarão lidar nos próximos anos, vale frisar a liderança com propósito, já muito debatida pelo autor Simon Sinek. Esse tipo de liderança, além de inspirar a equipe a ser melhor diariamente, consegue conectar as metas e necessidades individuais aos objetivos estratégicos da organização, fazendo com que as pessoas encontrem, dentro da empresa, o seu propósito. Para isso, as lideranças precisam demonstrar, consistentemente, empatia, autenticidade, compaixão, fomentando um ambiente de diálogo transparente, colaborativo e inovador.
Mais do que gestores de processos, as lideranças precisarão ser gestoras de pessoas, com a missão de não apenas alcançar os resultados organizacionais, mas também deixar um legado humano e organizacional duradouro.
Complementando essa questão, a pesquisa da McKinsey & Company identificou seis mentalidades / comportamentos que caracterizam os(as) grandes CEOs.
- São ousados(as): mesmo em cenários de incerteza, em que a tendência é cometer o menor número de erros possível, ser ousado(a) envolve buscar novas oportunidades, visando entender e atender a demandas atuais e futuras de forma diferenciada. Essas lideranças têm uma visão clara do futuro e atrelam essa visão à estratégia organizacional. A visão vem primeiro e o desempenho financeiro advém dessa forte visão;
- Dão ênfase às pessoas e à cultura: não adianta desenvolver a melhor estratégia se, em algum momento, os funcionários irão resistir às mudanças. Essas lideranças se envolvem ativamente em questões como fortalecimento da cultura organizacional e liderança de pessoas, dando atenção a cada integrante da equipe. A pesquisa mostrou que empresas que focam em “gente e cultura” têm mais do que o dobro de probabilidade de executar uma estratégia com sucesso;
- Montam equipes de alto desempenho: esses líderes identificam primeiro quais funções são as mais importantes para a estratégia do negócio e, então, buscam profissionais que possam desempenhar estes papeis. Isso forma equipes com uma gama de conhecimentos diversa;
- Trabalham em parceria: atuam em conjunto com as outras lideranças e o conselho da empresa, fortalecendo uma relação de confiança e de colaboração. Não há mais espaço, sobretudo no board de uma empresa, para lideranças com comportamentos agressivos, competitivos, não transparentes e não compassivos;
- Têm compreensão clara do propósito (“alma” de uma organização): esse desígnio deve ser poderoso o suficiente para inspirar as pessoas e simples o suficiente para ser facilmente compreendido e fazer sentido para os negócios. As lideranças se perguntam, constantemente, por que suas empresas existem e transformam o propósito em uma parte intrínseca do modelo de negócios. Além disso, liderar com propósito contribui de forma significativa para o bem-estar dos funcionários, ajudando a construir e fortalecer a lealdade;
- São autodisciplinados(as): além de fazerem uma excelente gestão do tempo, conseguem gerenciar a si mesmos(as) e lidar de forma rápida e assertiva com alguma urgência que venha a surgir, assim como conseguem encontrar momentos de relaxamento. É importante lembrar que ficar ligado(a) 24 horas é totalmente contraproducente.
Para exemplificar a autodisciplina, cito o CEO Ladmir Carvalho, da Alterdata Software, a quinta maior empresa de software e tecnologia do Brasil. Ao ser perguntado sobre como consegue gerenciar uma empresa com mais de 2.000 funcionários, 60.000 clientes ativos e ainda encontrar tempo para conversar com sua equipe, fazer palestras e ministrar treinamentos, ele disse: “Eu priorizo as pessoas. Os negócios são delegados de forma eficiente para quem tem competência.”
Assim, os principais desafios das lideranças envolvem as pessoas: saber gerenciar, orientar, capacitar, acompanhar, cuidar. São elas as responsáveis pelos resultados organizacionais. A liderança genuína é aquela que deixa um legado por onde passa; que transforma pessoas que não acreditavam em si mesmas em pessoas empoderadas; que luta diariamente por justiça, ética, integridade, transparência, espalhando empatia por onde passa; que é lembrada não pelo medo que causou, mas pela saudade que deixou quando da sua partida.
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