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Coluna

A construção do capital de carreira

14 de maio de 2025

4 min de leitura

Feedback direto, aprendizado ativo e métricas de progresso ajudam a desenvolver portfólio de capacidades que diferenciam o profissional no mercado

Em “So Good They Can’t Ignore You”, Cal Newport desafia a noção convencional de que a paixão é o principal motor para uma carreira bem-sucedida. Em vez disso, ele introduz o conceito de “capital de carreira”, que se refere ao conjunto de habilidades raras e valiosas que um profissional acumula ao longo do tempo, sendo uma verdadeira moeda de troca no mercado de trabalho, permitindo ainda que se tenha maior autonomia, impacto e satisfação profissional.

Capital de carreira pode ser caracterizado também como um ativo adquirido por meio do domínio de competências difíceis de replicar, isto é, quanto mais raras e úteis forem essas habilidades, maior será o poder de barganha do profissional. Cal Newport ilustra esse princípio com exemplos de pessoas que alcançaram sucesso não por seguirem paixões pré-existentes, mas por se tornarem excepcionais em suas áreas, através da prática deliberada.

É importante frisar que a prática deliberada é diferente da prática repetitiva. A segunda ocorre com a maioria de nós e é descrita por Newport como “… se for trabalhar, e trabalhar arduamente, logo alcançará um patamar de desempenho além do qual não consegue mais melhorar… é o que acontece com a maioria dos trabalhadores que simplesmente cumprem horário: todos nós apenas atingimos patamares”.

A prática deliberada é um processo estratégico de acumulação de capital de carreira, no qual o profissional investe esforço, focado no desenvolvimento de habilidades raras e valiosas. Diferentemente da mera repetição automática, ela exige a definição de metas precisas, a imersão em desafios que forçam os limites da zona de competência atual e a aplicação de feedback contínuo para otimizar o aprimoramento. Essa metodologia transforma o trabalho em um sistema de melhoria incremental, essencial para quem busca se destacar em campos competitivos e construir uma carreira notável (Ericsson et al., 1993).

A prática deliberada não pode ser atribuída somente a indivíduos excepcionais, cujo desempenho nos esportes, nas artes e na ciência é imensamente superior ao do restante da população. No passado, havia especulações sobre as causas deste desempenho extraordinário, e os primeiros relatos eram comumente atribuídos a uma intervenção divina. Com o avanço da ciência, tais explicações se tornaram menos aceitáveis e outros relatos apareceram, afirmando que as características responsáveis ​​pelo desempenho excepcional eram inatas e transmitidas geneticamente.

No entanto, pesquisas e evidências já publicadas procuraram mostrar o alto desempenho vindo da prática deliberada prolongada, do ambiente e de aspectos motivacionais, limitando o papel das características inatas/herdadas a pessoas que apresentam alto desempenho (Ericsson et al., 1993).

Nesse aspecto, então, como criamos o nosso capital de carreira a partir da prática deliberada? Esse processo envolve três elementos fundamentais: i) a concentração absoluta, que permite um foco profundo nas atividades; ii) a busca por estratégias de solução de problemas mais efetivas, essencial para superar desafios e melhorar continuamente; iii) e o interesse em aprimorar o desempenho das tarefas que executa, visando sempre a excelência e o desenvolvimento profissional (Ericsson et al., 1993; Newport, 2022).

A concentração possibilita que um profissional perceba, constantemente, áreas com potencial de melhoria, estando totalmente atento à sua performance. Sem essa concentração, não há atenção plena ao desempenho, impossibilitando a excelência em cada detalhe, que se tornaria um hábito firmemente arraigado (Ericsson et al., 1993).

Quanto às estratégias de solução de problemas mais efetivas, os profissionais não se tornam excepcionais por repetirem tarefas automaticamente, mas por se desafiarem constantemente com problemas complexos, refinando suas abordagens de forma sistemática. Ao adotarem essa mentalidade, torna-se possível identificarem lacunas em seu conhecimento, experimentando novas técnicas e ajustando métodos, ampliando, assim, a capacidade de entregar resultados de excelência.

No que tange ao aprimoramento das tarefas executadas, é importante lembrar que a satisfação profissional e o sucesso vêm da construção de competências distintivas, que tornam o profissional indispensável. Quando nos dedicamos a melhorar sistematicamente nossas habilidades, seja por meio de feedback direto, aprendizado ativo ou métricas de progresso, desenvolvemos um portfólio de capacidades que diferenciam nossa trajetória no mercado. Ganhamos novas potencialidades, autoconfiança e autoeficácia, aprimorando constantemente nossas habilidades.

Por exemplo, um profissional que analisa criticamente seus erros em projetos, busca e escuta feedback de colegas experientes e aplica ajustes em suas estratégias, não só resolve problemas de maneira mais eficiente, mas também se torna referência em seu campo.

Tanto a prática deliberada quanto o cultivo de habilidades raras exigem disciplina e paciência, mas são investimentos que geram retorno ao longo do tempo. Quando nos comprometemos a enfrentar desafios com métodos refinados e elevar nosso padrão de execução, não apenas nos tornamos mais competentes, mas também mais capazes de moldar nossa carreira com autonomia e propósito. O sucesso profissional não é fruto do acaso, mas da aplicação consistente de princípios comprovados.

Além disso, Newport (2022) afirma que o capital de carreira não se constrói apenas com esforço, mas também com escolhas estratégicas, isto é, escolher ambientes em que o seu trabalho tenha um grande impacto e um propósito claro. Para isso, sugere-se começar com pequenos experimentos, projetos paralelos, colaborações ou aprendizados incrementais que permitirão testar e validar suas habilidades no mundo real constantemente. Cada pequeno sucesso ou aprendizado contribui para seu portfólio de evidências, aumentando sua credibilidade e atraindo oportunidades melhores ao longo do tempo.

Capital de carreira, então, funciona como uma moeda profissional, isto é, você o acumula ao oferecer valor tangível e incomum ao mercado. Quanto mais raras e relevantes forem suas habilidades, mais controle você terá sobre sua trajetória profissional, não dependendo de sorte ou paixão (Newport, 2022).

Para ter acesso às referências desse texto clique aqui.

Autor

Foto do Colunista

Denise de Moura

É consultora de Recursos Humanos com 27 anos de experiência; atuou em pequenas, médias e grandes empresas como Petrobras SA e Lojas Americanas. É professora convidada nos MBAs USP/ESALQ desde 2013, doutora em administração; tem mestrado em sistemas de gestão e pós-graduação em gestão da qualidade total. Escreveu o livro “Cansei de Sofrer no Trabalho” (Qualitymark Editora, 2012) e idealizou o site www.dicasinfaliveis.com.br.

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